Ganhei asas e voei sem destino e sem pressa, para sentir o vento a trespassar-me as penas e o sol a aquecer o meu corpo transformado.
Quando quis pousar dei por mim num sítio que não conhecia o
que me trouxe a frescura da novidade, a curiosidade própria de quem está
sedenta pela descoberta.
As asas desapareceram e era novamente eu. Caminhei e a cada
rosto que encarava a sensação de calma era crescente, a previsão de começar de
novo tornava-se mais real, o vento e o sol faziam-me companhia para me dar
alento e perceber que não ia ficar sozinha.
Não queria parar e as forças não se esgotavam. Algumas
pessoas rasgavam um sorriso que aquecia ainda mais aquele dia que não queria
por findo.
Num largo, uma pequena fonte jorrava uma límpida e apetecível
água que me convidou a aproximar. Quando obedeci, fui levada a olhar para o meu
reflexo e não me vi, não era eu embora me sentisse eu novamente. Reflectidas
estavam as mesmas feições, as mesmas marcas da idade mas não era eu. Bebi da
água assimilando aquela mudança que me trazia um novo desafio e com o qual não
me sabia capaz de lidar.
Continuei o meu caminho e percebi que o percurso seguia por
uma estrada sem fim, numa linha infinita de pessoas e lugares a viverem as suas
vidas acolhendo-me como deles e a alimentarem a minha fome de bons sentimentos
e boas sensações.
Decidi não parar, decidi que aquele dia não ia terminar,
decidi beber em todas as fontes para me confirmar como nova e não me senti mais
igual nem sozinha porque no resto do caminho o vento e o sol estiveram sempre
lá.
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